sábado, 29 de setembro de 2012

As Canções




No quinta-feira, 04 de outubro deste ano, o filme brasileiro “As Canções”, do documentarista Eduardo Coutinho, será exigido no Filmfest Hamburg 2012, às 22 h.
O documentarista mostra recortes de vida de 18 personagens da vida real. Uma leitura sensivelmente crua das vidas se suas personagens. Elas próprias relatam suas histórias a partir de músicas significantes em suas vidas. É sabido por todos sobre a importância e a influência da música em nossas vidas, trazendo-nos diversas emoções e ajudando a construir nossa biografia. É fato, a música realmente nos remete a momentos pretéritos, atuais e futuros. É exatamente isso que o documentário mostra momentos da vida, onde a palavra “qual” direciona o desabrochar de uma história.
O filme já foi lançado no Brasil, mas eu ainda não tive a oportunidade de ver. Então não irei perde sua exibição aqui em Hamburgo.
Você tem uma música especial para um momento determinado?


O Filmfest Hamburg acontece anualmente, neste ano acontecerá de 27 de setembro a 06 de outubro, e comemora sua 20ª edição. Na mostra serão exibidos, no total, 140 filmes nacionais e internacionais. Na programação constam filmes com diversificadas temáticas e gêneros.
No festival famosas personalidades, como Clint Eastwood, já foram agraciadas com o prêmio Douglas Sirk. O prêmio recebe o nome do diretor alemão Douglas Sirk, nascido na cidade de Hamburgo.




domingo, 23 de setembro de 2012

VIDA "FÁCIL"


                                         


O que você está fazendo aqui? Vou trabalhar, vou sim! Vou mais uma vez vender meu corpo. Ele ainda não está gasto, posso continuar a tirar dele o meu sustento. Mas não é de sua conta. Ninguém liga e, mesmo que ligasse, quem iria me ajudar? Tomarei meu banho, se quiser ficar é problema seu. Claro, toda noite tomo meu banho, lavo cada parte de meu corpo tentando, em cada esfregada, sentir-me limpa; faço a minha maquiagem na tentativa de esconder meu rosto, se não for dessa forma eu não consigo... E a minha profissão é essa: conseguir!
Muitos já me perguntaram o porquê dessa profissão e, assim como você, ainda tentam, em vão, mostrar um pouco de doçura. Não quero que ninguém sinta pena de mim! Este é o meu trabalho, o faço para ganhar meu dinheiro e viver. Por que você e essas criaturas não vão direto ao ponto? Sei que o que eles querem mesmo é saber se com eles trabalhei com prazer. Egoístas! Que pergunta mais sem cabimento! Sou um ser humano, sinto prazer como qualquer outra mulher e não há diferença entre as outras e eu. As outras que me refiro são as esposas, as namoradas, as amantes, todas as vezes que transarem estão trocando alguma coisa. A troca está para o sexo, assim como o oxigênio está para a existência.
Amar. O que é isso? Não faz parte da minha vida, não conheço este verbo conjugado a outra palavra senão vida. Se não fosse assim não faria o que faço. É isso, continuarei fazendo por amor a minha vida.
No início da carreira, o meu alicerce estava baseado em três pontos muito fortes, eu diria também distintos. Um era a satisfação e a capacidade em usar meu corpo para dar prazer e ter prazer, usá-lo para seduzir e mostrar que sempre fiz com vontade. Entre quatro paredes não existe pudor. Segundo tal conceito, enlouqueci vários homens e percebi que em meu sexo estava concentrado o meu poder. O outro motivo seria a curiosidade de transar com vários homens, de todos os tipos: feios, magros, estranhos, pobres, enfim, homens que eu não tivesse vínculo nenhum. Transaria com os bonitos e ricos também, mas a minha fantasia era a de ser possuída por esses homens que dificilmente teriam uma mulher bonita como eu. E o último era o dinheiro mesmo! Estava precisando e foi a maneira mais fácil de consegui-lo.
Você não pode me julgar, tentei sim conseguir um emprego decente, mas eu estava acostumada a viver com conforto e não foi possível encontrar algo que me garantisse o mesmo nível de vida. Quer saber? Meu emprego é decente! É muito fácil julgar sem conhecimento de causa. Fui largada! A morte é a verdadeira culpada por tudo isso. Vivo em meio à amargura e à dor, tentando manter a sanidade para poder prosseguir. Qual o problema em tropeçar? O importante é que vou seguindo o meu caminho, com obstáculo e tudo o mais... Você! Em sua vida nunca encontrou dificuldades? Então, eu preciso de tempo para me reerguer... mas já faz três anos e as perspectivas ainda não mudaram... é isso! Tenho que pensar em um meio... Mas como? Oh meu Deus, será que você existe?!
Droga! Borrei minha maquiagem! É melhor retocá-la e ir trabalhar. Ficar aqui sentada, me lamentando não vai pagar minhas dívidas.


Texto: André Bonfim
FOTO: http://br.freepik.com/fotos-gratis/flor-flor-rosa_157250.htm

A casa de Berg





Meu segundo ano de comemoração do aniversário de Berg. Eu, assim como no ano passado, havia planejado ficar duas horas no máximo. Novamente não consegui cumprir meu prazo. A casa de Berg parece a ambientação de um filme Cult rodado na Europa. De fato o é, rodado na Europa e Cult, mas não é um filme. É vida real.
No mundo de Berg parece não haver preconceitos. É muito impressionante ver aqueles “machões” tão relaxados e se divertindo num ambiente onde existem diferentes públicos. É muito impressionante ver aqueles “machões” tão relaxados ao ponto de fazer brincadeiras com os gays que exigem o toque, sem ultrapassar o limite da brincadeira – será?. É impressionante ver aqueles machões fazendo isso sem se importarem com o que as mulheres da festa iriam pensar sobre eles. E é impressionante ver aqueles “machões” se tornarem ainda mais desejados por aquelas mulheres que ali estavam e pelos gays também.
No mundo de Berg , nós vemos várias cores, várias bebidas, várias opiniões e o respeito. A casa de Berg parece ser um ambiente neutro, onde as diferenças são deixadas à porta de entrada ou deixadas no quarto separado para guardar os casacos. Depois é só pegar os casacos novamente, sem esquecer-se das diferenças, é claro!
No mundo de Berg acontece também o encontro de culturas: intelectuais e de entretenimento.  Num ambiente com uma estante repleta de livros e com quadros feitos por um dos moradores da casa, o próprio Berg, ouvimos e vemos músicas alegres, apelativas e que provocavam reações diversas nos espectadores, ou seja, adequadas para trazerem o tom de antagonismo e miscelânea que a casa de Berg pede.  Além do fato de a música intelectual já ter sido apreciada.
No mundo de Berg a cozinha é uma das marcas de suas festas. Não entendendo o porquê conscientemente, a cozinha é o lugar preferido de quase todos os convidados. Na verdade é lá onde tudo é mais livre, tudo é possível, é o lugar das bebidas, é o lugar onde todos podem fumar, é o lugar onde Leila Pantel lava a louça e canta acompanhada por um pandeiro. É na cozinha que você conversa em alemão, ouve inglês e fofoca em português (assim é melhor para os gringos não entenderem).
A casa de Berg é um dos eventos mais aguardados entre os brasileiros e gringos, fazendo parte do meu calendário de eventos anuais em Hamburgo.
Tudo isso acontece por Berg ser inteligente, educado, ótimo anfitrião, alegre, com a pele maravilhosa e quando é dada a hora ele é capaz de jogar tudo isso para cima, como se fosse confete dos bons carnavais de outrora para cair na gostosa gandaia? Não sei!
O carisma de Berg ainda será fonte de estudo da NASA! Cara massa (esta palavra "massa" sempre me lempra Lilian!)!!!