Sou uma pessoa cheia de dúvidas e talvez elas não tenham tanta importância para os outros e nem deveriam ter para mim mesmo. Talvez, sejam questionamentos naturais oriundos da fatalidade do fim de mais uma década de vida. Pode ser também algum tipo de responsabilidade em torno do avanço etário, mesmo maquiado, ou fingido, ou imaginado, não deixa de ser importante tomar para si este posicionamento em relação à projeção das reminiscências hoje e amanhã.
As atitudes e situações são tornadas conscientes, não mais levadas ao extremo como no início da carreira existencial e acabam resultando nas possibilidades de uma existência muito mecânica. Porém é mais uma fase do ser de barro, buscando qualidade para ter quantidade material. Hoje em dia acho estranho ter essa razão tão consciente em tudo que faço. Não consigo mais caminhar sem procurar o que seria a lógica. Caso acabasse abandonando o caminho pensado, eu teria agido de acordo com as correntes espiritualistas para ter paz e isso eu não quero.
Às vezes, fico imaginando que não existe felicidade apenas com a razão e a emoção, quero crer que acreditando no maravilhoso posso tornar as coisas suportáveis - não gostaria de ter uma vida suportável, quero tê-la plena, envolta de felicidades e sabendo que os momentos difíceis fazem parte dela -, mas ainda não formei minha trindade e não sei se alcançaria tal felicidade que muitos afirmam ser a verdadeira.
Texto: André Bonfim
Foto: comodesbloquear.blogspot.com