quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Eu versus eu versus você (s)



Nascido em qualquer lugar, em qualquer dia, em qualquer mês... Prefiro que seja dessa forma, esquecer de onde venho para não saber aonde devo ir! É melhor ser eterno para que a vida passe de maneira mais suave, para não senti-la tanto.  Já tentei dizer em palavras escritas num diário, pensei que contando minha história eu poderia transformá-la em algo etéreo jogando-a ao cosmo. Queria que o vazio findasse!
Parece que minhas tentativas são constantemente podadas... Fui um adolescente perturbado e cheio de conflitos infindáveis, um jovem destinado a ter tudo e nada! Eu me definiria como um vício, a droga para os viciados, onde eu mesmo tirei a minha vida, várias vezes, para renascer qual uma fênix, das cinzas, sempre delas. Sou a minha própria invenção, sou deus subserviente ao "Criador Supremo", o verdadeiro Deus.
A minha vida sempre esteve cercada de indícios de se perpetuar no mar da depressão. Procurei sempre sufocá-la dobrando a esquina dos bons modos, mas meus pensamentos me acusavam!
Odeio ver a capacidade de a maioria das pessoas abstraírem dos conflitos conectados no âmago da existência. Queria poder dizer a elas como são repulsivas a mim. Sempre quis trazer à luz a capacidade da dissociação dos setores de minha vida, numa tentativa de solucionar seus problemas. Mas a frustração está sempre à minha espreita, ouvindo meus gritos de socorro! De fato, preciso recorrer novamente à eutanásia! É necessário renascer outra vez...

Texto: André Bonfim
Foto: fadagirl.blogspot.com

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

ENCONTRO DE CULTURAS... ENCONTRO DE COMPORTAMENTOS...




Desde os tempos em que eu estava na universidade, especificamente na matéria de Filologia Românica, tenho me interessado pelo encontro de culturas, de que forma ela acontece... Mas este texto é apenas uma salada de pensamentos após terminar de ler, mais uma vez, o livro "O Mundo de Sofia".
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 Por vezes isso parece um processo de racionalizar as experiências, ou uma espécie de fusão entre a cultura nativa e a cultura visitada. A necessidade que o cérebro tem de armazenar de maneira lógica aquilo que é visto, sentido, tocado e pensado.  O processo de engavetamento às vezes desenha-se como uma contradição, mas que esta aparência pode ser explicada de diversas formas. Podemos nos emprestar o que disse Platão em seu pressuposto “O mundo das ideias” para iniciar o apoio aos quatro pontos da lógica experimental. É uma tarefa árdua que se utiliza dos âmbitos cruzados das disciplinas consagradas da humanidade e das novas teorias comportamentais.
Para Platão a ideia pressupõe a coisa existida. O que existe flui e transforma-se e torna-se único. Mas a ideia, a matéria pressuposta, a fôrma, ela é imutável, portanto geral. Ou seja, tudo aquilo que vemos e tocamos já existia no nosso ideal, como se fosse algo existente em nosso DNA que nos fará identificar a matéria no momento da experimentação. Depois desse momento, toda a matéria com aquelas características resultam num tema que já pré-existia, porém sem defini-la como matéria específica. Ela é matéria geral, acúmulo de informações.  Encaixando esse conceito no padrão básico comportamental, à primeira vista, vislumbra-se uma ilógica a partir de “novos padrões de comportamento da sociedade”. Se uma ideia pressupõe a coisa, então afirmar que nada é novo e que tudo é cíclico é inevitável.
Se nada é novo, se tudo é cíclico, podemos mapear o próximo passo da sociedade analisando seu processo evolutivo associado às transformações aceleradas pelo avanço tecnológico. E, então, tentar enxergar onde “os novos processos” se encaixariam em qual momento histórico.
Como a ideia “Cultura”, após ser experimentada, se comporta como um novo padrão social? Esta premissa nos leva a outra: Ao movimento cíclico cabe à involução levando a sociedade em direção ao momento nulo e reiniciar-se? A Bíblia histórica parece nos responder que sim. Mas nela existe a argumentação alegórica por meio da fé que busca respostas recriando a história da humanidade através de uma mitologia própria. A Bíblia está repleta de códigos que apoiam o conceito de signo criado pelos pais da Semiologia e Semiótica.
A Bíblia consiste de histórias intercruzadas, resultando num sistema de regras comportamentais daquilo que é cabível ou não à sociedade humana. Onde virtudes e vícios são descritos, assim como as consequências de seus usos. Seu sistema “ético” tornou-se praticamente inútil nos dias de hoje em consequência da transformação sofrida pela sociedade e a necessidade inata da razão pensar e repensar o “certo” e o “errado”.
Tal modelo de comportamento que resultou na Bíblia da fé, reproduz numa parcela numerosa das diferentes culturas o que Pierce chama de primeiridade. Que é a primeira impressão que temos das coisas, poluída de sentimentos particulares que traduz uma conclusão equivocada da sociedade, resultando num comportamento passivo diante de problemas que exigem um comprometimento esclarecido das responsabilidades concernentes a construção daquilo que seria ideal ao conjunto. Existirá sempre a ideia de que alguém virá nos salvar e transformar o mundo num paraíso, onde tudo coexistirá de maneira harmônica e benéfica para todos. Ou seja, o comportamento padrão continua atribuindo a algo alegórico aquilo que é de sua responsabilidade.
Talvez isso represente a ideia pré-existente de que caminhamos ciclicamente para o processo nulo, onde a sociedade reinicia.








Autor: André Bonfim

Foto: seforarocha.blogspot.com

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Texto inaugural


Wallpapers HD

Finalmente voltarei a escrever, não acredito como pude segurar tanto o meu ímpeto de fazer uma das coisas que mais gosto. Como texto inaugural deste blog, resolvi escrever um pouco sobre o que pretendo aqui. Ultimamente, na verdade isso já faz uns dois anos, eu tenho pensando em ter um espaço para poder expressar meus pensamentos, minha impressão das coisas, divulgar e promover diálogos com quem se interessar pelos temas propostos. Porém eu sempre esperava pelo amanhã para começar e agora o amanhã chegou. O amanhã se fez hoje!
Movido por alguns textos de amigos e blogs que tenho lido, resolvi me despir da preocupação de me expor em texto escrito. Existem muitas responsabilidades relacionadas a tal iniciativa. Eu prezo muito pela escrita e chegou a hora de, depois de um ano evitando escrever algo em português – eu realmente quis me concentrar em aprender o alemão -, voltar a alimentar meu cérebro ao pôr para fora minhas inquietações. Para isso tive que apagar o dilema que insistia em me fazer adiar: o primeiro post. Sobre o que escrever passou a ser a minha preocupação. Então resolvi fazer como sempre fiz: simplesmente começar! Está aí a melhor maneira de derrubar qualquer barreira.
Desde que cheguei à Alemanha, meu intuito era falar sobre a maravilhosa experiência de entrar em contato com uma cultura muito diferente da minha, ainda mais estando num lugar onde também posso visitar outras culturas sem precisar realizar longos deslocamentos. Isso para mim é incomensurável. Depois de um ano morando aqui, continuo com o mesmo interesse, embora um pouco mais abrangente sobre as diferenças culturais, os estereótipos construídos sobre o alicerce das fronteiras e como minha experiência, mesmo ainda curta aqui, influência na minha visão sobre as coisas. Claro que muitas das vezes a influência fica no plano inconsciente do texto, outras vezes não.
Aqui eu entrei em contato com diferentes tipos de pessoas, pessoas que se enquadram no estereótipo de brasileiro vivendo no exterior, bem como outros povos vivendo no “exílio”,  e outras que considero verdadeiras pérolas. A vida aqui não é fácil, contrariando o que muitos pensam. Para calcular a dificuldade é só tentar imaginar como é difícil morar num lugar onde é necessário usar uma língua diferente, com costumes diferentes, com a comida diferente, longe de amigos e familiares. Depois disso é só multiplicar por 10 – pelo menos é essa lógica matemática que aconteceu comigo. Porém acredito piamente que a permanência no exterior se dá por decisão consciente de querer estar aqui. Os motivos não interessam – talvez apenas para os nativos e outros estrangeiros.  Não importa como foi sua vida no Brasil, se vem de uma família com bons recursos ou não, não importa a região, o que importa é o que veio buscar.
Então a real intenção é construir/partilhar em comunhão uma visão ampliada de mundo, sobre diferentes temáticas. Comentários são sempre muito bem aceitos.
Vamos começar?